Autor: Raphael Montes
Editora: Companhia das Letras
Sinopse: Um porão, nove jovens e uma Magnum 608. O que poderia ter levado universitários da elite carioca – e aparentemente sem problemas – a participarem de uma roleta-russa?
Um ano depois do trágico evento, que terminou de forma violenta e bizarramente misteriosa, uma nova pista, até então mantida em segredo pela polícia, ilumina o nebuloso caso. Sob o comando da delegada Diana Guimarães, as mães desses jovens são reunidas para tentar entender o que realmente aconteceu, e os motivos que levaram seus filhos a cometerem suicídio.
Por meio da leitura das anotações feitas por um dos suicidas durante o fatídico episódio, as mães são submersas no turbilhão de momentos que culminaram na morte dos seus filhos. A reunião se dá em clima de tensão absoluta, verdades são ditas sem a falsa piedade das máscaras sociais e, sorrateiramente, algo muito maior começa a se revelar.
Nove jovens foram encontrados mortos em um porão de uma mansão. Com uma investigação, foi revelado que eles participaram de uma roleta-russa, mas que ao invés de um morrer, todos acabaram mortos. Mas não só isso, os corpos foram encontrados em estado deplorável, então algo a mais aconteceu ali.
Um ano depois do ocorrido, a delegada Dianaconvida as mães dos suicidas para uma última investida para jogar luz aos fatos da história. Um livro foi encontrado ao lado dos corpos, um livro que a polícia decidiu não revelar ao público, pois esse narra todos os acontecimentos das mortes em tempo real. Ele foi escrito por Alê, um dos jovens que cometeu suicídio. Porém, ainda não fica revelado como os corpos acabaram ficando no estado ao qual foram encontrados. Quem sabe as mães poderiam ajudar de alguma maneira?
“As rodadas se sucederam. Perdi algumas, ganhei outras. O pôquer simula a vida. Às vezes você perde, às vezes você ganha, mas o negócio é se manter lá, jogando.” Página 30
A edição está simples, mas muito bem caprichada e montada. O livro é divido em três momentos: o diário de Alê, gravação de áudio da delegada com as mães dos suicidas e o livro de Alê contando tudo em tempo real.
Quanto mais eu lia Suicidas, mais eu sentia uma antipatia pelo nosso narrador Alê. Ele parecia odiar quase todos e eu não via motivos concretos para isso. Todos os personagens eram montados de acordo com a visão dele, então minha desconfiança era grande. Além de algumas de suas atitudes não serem nada bacanas. Eu não conseguia gostar dele, mas a narrativa era tão boa que eu não conseguia parar a leitura. Como posso ter desgostado tanto do Alê e ainda assim querer saber mais dessa história?
“O álcool e as drogas deixam as máscaras caírem, os verdadeiros rostos se revelam diante de um público também despido de normas. Racionais, mas, antes de tudo, animais.” Página 247
E ainda temos os acontecimentos surpreendentes dessa história. Algumas cenas são bem fortes e por isso não recomendo o livro para quem tem estômago fraco. Eu sinceramente tive que parar a leitura duas ou três vezes em algumas cenas. O autor não poupa nada nem ninguém.
Mesmo agora escrevendo essa resenha, depois de dias que terminei a leitura do livro, me bate uma aflição com essa história. Raphael Montes tem dessas de nos deixar chocados com suas histórias. O que acho incrível é como ele gosta de se colocar em suas histórias e deixar a gente de queixo caído. Quem já leu O Vilarejo (resenha) sabe do que estou falando.
Para quem não sabe, Suicidasfoi o primeiro livro do autor e foi lançado de modo independente. O texto original continha um capítulo que foi retirado, mas com essa nova edição lançada pela Companhia das Letras, esse capítulo foi reinserido. E claro que esse extra me deixou muito chocada!
Raphael Montesé incrível com as palavras. O leitor entra em suas histórias e não consegue sair até que a última sentença tenha sido dada. A construção dos personagens e a narrativa são os pontos que deixam o leitor intrigado e querendo mais. Antes de Suicidas, eu já tive o prazer de ler outro livro e os contos dele, todos tem resenha aqui no blog. Dias Perfeitosé o único que ainda não li, mas já está na minha lista.