Autor: Niall Ferguson
Editora: Crítica
Sinopse: A Primeira Guerra Mundial matou cerca de oito milhões de homens e destruiu as finanças da Europa. Será que todo esse sacrifício valeu a pena ou a tragédia poderia ter sido evitada? Em O horror da guerra, Niall Ferguson, um dos principais historiadores contemporâneos, faz uma profunda e inteligente análise sobre o conflito que assolou a Europa e o mundo entre 1914 e 1918. Ele aborda os reais motivos que levaram à guerra, a reação da população dos países envolvidos, as condições em que os soldados lutavam e o processo de formação da Entente e da Aliança. Ao final do livro, Ferguson leva o leitor a concluir que esta guerra foi o maior erro da história moderna.
Este foi, de longe, o livro que mais demorei a ler este ano. Ao abrir a primeira de 768 paginas, eu sabia que seria uma leitura longa... mas não sabia o quanto. Explico os motivos a seguir!
Niall Ferguson se prontifica, logo nas primeiras paginas, a responder 10 perguntas:
- A guerra era inevitável, seja por causa do militarismo, do imperialismo, da diplomacia secreta ou da corrida armamentista?
- Por que os líderes alemães apostaram na guerra em 1914?
- Por que os líderes britânicos decidiram intervir quando a guerra eclodiu no continente?
- A guerra foi realmente recebida com entusiasmo popular, como muitas vezes se afirma?
- A propaganda, e especialmente a imprensa, mantiveram a guerra em curso, como acreditava Karl Kraus?
- Por que a enorme superioridade econômica do Império Britânico não foi suficiente para derrotar os Impérios Centrais mais rapidamente e sem a intervenção norte-americana?
- Por que a superioridade do exército alemão não foi capaz de derrotar os exércitos britânico e francês na Frente Ocidental, como fez com a Sérvia, Romênia e Rússia?
- Por que os homens continuavam lutando quando as condições no campo de batalha eram, como contam os poetas da guerra, tão deploráveis?
- Por que os homens deixaram de lutar?
- Quem ganhou a paz - para ser preciso, quem apagou pagando pela guerra?
Na tentativa de responder tais perguntas, Niall vai muito além de descrever os acontecimentos da Primeira Grande Guerra: a analisa de cabo a rabo, destrincha seus porquês e derruba tabus (como aquele de que "a guerra era inevitável" segundo outros autores e livros didáticos).
Todo o trabalho de pesquisa realizado pelo autor é digno de parabenização; é um apurado de fontes enorme! Mas, Ferguson não se prende apenas a relatar os fatos, ele principalmente os analisa e nos dá um retrato da Primeira Guerra diferente do que estamos acostumados a ver.
O livro, para uma leitora que pouco tem costume de ler obras de cunho histórico/político, é enfadonho. Fico até com vergonha de dizer isso porque era uma leitura que eu estava ansiosa para fazer! Entender um pouco mais de um dos conflitos históricos que mais me "fascina" era algo que eu queria; mas o livro vai muito além disso. Discute sobre as motivações de cada líder, sobre as investidas e suas consequências, discute sobre as possibilidades do que "podia ser mas não foi" durante os anos de 1914-1918.
Confesso que este deve ser um livro maravilhoso, rico, bem construído. Mas não posso avaliar isso. Nem a presença de imagens fascinantes (e às vezes sombrias também) conseguiu reverter a sensação de que essa seria a leitura mais pesada é densa do ano. Mas isso não quer dizer que o livro é ruim, eu que sou a leitora errada. De vez em quando, infelizmente, sair da zona de conforto não termina bem.