Terminei de ler essa história me sentindo um alien, ou melhor, alguém sem coração, principalmente porque já tinha recebido boas recomendações dele, porém para a minha frustração eis mais um livro que não me convenceu.
Quando li a sinopse do livro fiquei imaginando um dramão com direito a muitas lágrimas, uma jornada grande de sofrimento e dor até a redenção final, porém o que acontece nessa história é bem diferente do que vende a sinopse, pelo menos para mim. Na metade da leitura eu não sabia dizer se gostava ou não do livro. Talvez por ter sido precedido por três livros que me fizeram pensar, chorar e vivenciar todo o drama da história, a máquina de contar histórias ficou na minha mente como um livro bonzinho pra passar o tempo. E isso só porquê apesar de achar o personagem principal um chato sem fim, a escrita do autor conseguiu que eu não largasse a história. Apesar de querer matar o Vinícius logo nas primeiras páginas, eu precisava saber como terminava.
O meu maior problema com esse livro foi o personagem principal que não me conquistou, simplesmente não consegui me conectar de forma nenhuma com o Vinícius, achei ele um chato, prepotente, arrogante, egoísta e ainda por cima mais falso do cédula de 3 reais. Vinícius é um autor de sucesso de lindas histórias de amor, e está vivendo uma grande noite de glória no lançamento do seu mais novo livro. Até aí nada demais, minha antipatia pelo personagem começa a surgir quando ele começa a falar sobre o processo criativo dele, aliás durante todo o livro uma coisa que me fazia querer morrer era quando o Vinícius começava a falar sobre o processo que ele seguia pra escrever um livro, odeio manuais, odeio, odeio ,odeio e em alguns momentos da leitura eu jurava que estava lendo um. Bom além desse motivo que até seria bobo se Vinícius não fosse tão presunçoso sobre isso, a redenção do personagem não me convenceu.
Eu sou uma chorona assumida, e geralmente choro rios quando personagens morrem em um livro, porém quando Vinícius recebe a notícia da morte da esposa eu não senti absolutamente nada, e quando ele chega no enterro aos prantos tudo que eu podia pensar era que ele estava derramando lágrimas de crocodilo. Me crucifiquem mas não consegui acreditar por um minuto sequer na dor dele, fiquei pensando só que aquilo era lágrima de arrependimento por ter sido tão egoísta com a pessoa que ele dizia ser o amor da vida dele. Sei que existem várias formas de lidar com a dor e a perda de alguém e que algumas pessoas vivem em estado de negação quando descobrem que alguém próximo vai morrer ou tem alguma doença grave mas pelo amor de Deus você viver em um estado de negação por 4 anos é demais pra minha compreensão. Veja bem o amor da sua vida tá morrendo, e vocês tem duas filhas, sinto muito mas na minha opinião você não tem o direito de esquecer isso e sair por aí vivendo pro seu trabalho como se nada estivesse acontecendo.
O modo como Vinícius tenta se aproximar das filhas me pareceu tão forçado, tão falso, é como se ele tivesse descoberto que era um paizão do dia pra noite e querendo saber tudo da vida das filhas. Não gente, não dá pra mim não. O cara sumiu da vida das filhas um tempão aí do nada quer que elas aceitem ele de volta, e pra isso o que ele faz??? Tenta conversar?? Procura uma terapia familiar?? Busca ajuda?? Claro que não, ele leva as filhas pra fazer um tour pela Europa, com direito a várias coisas que as filhas gostam, inclusive deixa a mais velha fazer uma tatuagem. Era tão óbvio que ele estava comprando o amor das filhas que até a filha mais velha comenta isso.
Enfim, pra não dizer que não senti nenhuma emoção além de antipatia pelo personagem e que não me comovi com a história, fiquei comovida em uma passagem em que a Viviana mulher do Vinícius aparece mas, tirando isso, achei que faltou algo mais no livro. Algo que transformasse ele no drama que eu imaginei que seria, tinha tudo pra ser maravilhoso mas ficou só no bom.
Essa resenha foi escrita por Rafaela Carvalho, colaboradora do blog.