“Você acredita em contos de fadas?”
Autor: Elizabeth Blackwell
Editora: Arqueiro
Ano: 2016
Sinopse: Nos salões de um castelo, uma confidente leal guardou por muitos anos os segredos de uma rainha linda e melancólica, uma princesa que só queria ser livre e uma mulher que sonhava com a coroa. Esta é sua história.
Resenha:

A escrita de Elizabeth Blackwell é extremamente suave, nos enche de ansiedade em alguns momentos, nos faz suspirar em outros, e nos surpreende com cada reviravolta em sua história. Já comecei a ler pensando que seria um livro mais infantilizado, por se tratar de um conto de fadas, mas percebi que ela escreveu justamente uma história de amor para adultos, fazendo com que essa releitura de uma história tão clássica se tornasse deliciosa de ler e relembrar.
O livro é narrado em primeira pessoa por Elise, que revela a seus bisnetos a “verdadeira história” que deu origem à lenda da Bela Adormecida, que essas crianças adoravam ouvir.
Elise perdeu quase toda a sua família quando tinha 14 anos, devido a uma epidemia de varíola. Ela também contraiu a doença, mas sobreviveu. Ela tinha um sonho de trabalhar na corte, um sonho distante da sua família camponesa, que sua mãe evitava encorajar. Porém, quando sua mãe percebeu que não iria sobreviver à doença, ela orientou a filha a procurar por sua irmã Agna na cidade, já que não poderia mais cuidar dela.
Tia Agna ofereceu ajuda para preparar Elise adequadamente para conseguir uma vaga no castelo, dando roupas e sapatos novos para ela. Quando foram à loja de Hannolt, foi a primeira vez que Elise viu Marcus, filho e aprendiz do sapateiro, que desempenharia um papel essencial em sua vida nos próximos anos. E assim, Elise estava pronta para encontrar a Sra. Tewkes, antiga amiga de sua mãe, que conseguiu para ela um trabalho de camareira no castelo.
“O poder é a verdadeira moeda da corte. Os que o possuem brandem-no sem piedade, sejam criados, sejam cavaleiros.”
E assim começa a vida de Elise na corte, sendo uma funcionária exemplar e subindo rapidamente de cargo até se tornar uma dama de companhia da rainha Lenore, que sofria e chorava todos os dias por não conseguir dar um herdeiro ao rei. Caso a rainha não conseguisse ter um filho, o próximo rei seria seu cunhado, Príncipe Bowen, que não era muito “querido” por ninguém. Fica a dúvida sobre qual o papel de Millicent, tia idosa do rei Ranolf, tanto no progresso de Elise quanto na notícia da gravidez da rainha.
Após o nascimento da princesa Rosa, Millicent foi banida do reino pelo sobrinho, mesmo ela tendo convencido a rainha a convidá-la para ser madrinha da criança. Aí vem aquela cena dramática, do último presente oferecido na hora do batizado, as ameaças de Millicent contra a vida de Rosa, para que seus pais passem o resto da vida com medo e mandem queimar todas as rocas do castelo e etc. (Não, ela não dorme um sono profundo após furar o dedo em uma roca, apesar de a autora nos fazer pensar que isso vai acontecer).
O livro é repleto de histórias de amor que acabam por não serem vividas devido a obrigações, casamentos arranjados, e as pessoas estão o tempo todo buscando a felicidade e o amor verdadeiro. Assim como na história da Bela Adormecida, uma tragédia abala o castelo, mas também mostra superações e lições a serem aprendidas sempre através do amor. Gostei muito da forma como a autora reescreveu essa história, usando Elise como protagonista ao invés de Rosa, e como ela transformou um conto de fadas em uma história “real”.
“Consola-me pensar que a história da Bela Adormecida continuará viva depois de todos nós, uma história de maldade derrotada e amor triunfal que ressoará por séculos. E é assim que deve ser. Porque a verdade não é nenhum conto de fadas.”