
Autor: Haruki Murakami
Editora: Alfaguara
Sinopse: Kafka à beira-mar é um dos romances mais ambiciosos do escritor japonês Haruki Murakami, e uma das mais surpreendentes obras da literatura contemporânea. Centrado na jornada de dois personagens, é um livro imaginativo, com referências que vão do mundo pop japonês às tragédias gregas.
“As pessoas podem ser gays, lésbicas, héteros, feministas, facistas, comunistas, hare krishna, nada disso me importa. Qualquer que seja sua bandeira, não me importa. O que eu considero insuportável são as pessoas vazias (...) Teorias infundadas, palavras vazia, ideais usurpados, sistemas inflexíveis. Essas são as coisas que eu realmente temo e odeio. É muito importante saber o que é certo e errado. E erros de julgamento individuais são na maioria das vezes passíveis de correção. São reparáveis, desde que haja coragem para reconhecer o erro. Mas a mentalidade tacanha e a intolerância resultantes da falta de imaginação são como parasitas: transformam seus hospedeiros, metamorfoseiam-se e continuam a existir. Não há salvação para elas (…)” (Página 225)
Roubarei para mim as palavras do Chicago Tribune, “Murakami é um gênio.” A primeira experiência que encontrei com esse autor foi com o livro “Após o Anoitecer”, não pensei que algum outro superaria esse primeiro, mas me encontrei redondamente enganada após finalizar a leitura de “Kafka à beira-mar”.
A trama envolve dois protagonistas, Kafka Tamura o menino de 15 anos mais valente do mundo que foge de casa no intuito de escapar de uma maldição de nível edípica; e Nakata (meu favorito por sinal), um bondoso senhor de idade que quando criança passou por um incidente sobrenatural.
Na história de Kafka encontramos a narrativa em primeira pessoa, onde descreve seus sentimentos e ansiedades devido ao mundo nova a que se entrega, em busca de sua mãe e irmã. Com diálogos entre ele e “o menino chamado Corvo”, seu companheiro desde criança.
Com Nakata, a narrativa é em terceira pessoa, o senhorzinho se encontra vazio desde o sofrido acidente, expressa a si mesmo como alguém em dúvidas do que é e um projeto do que deve ser.
Como disse anteriormente, o personagem que mais me cativou foi Nakata, de forma que lia apressadamente os capítulos voltados ao Kafka, só para ver os rumos de Nakata. Porém, Murakami construiu a trama com diversos outros personagens importantes, Oshima (meu favorito da parte de Kafka), Sakura, Sra. Saeki, Hoshino, os gatos Kawamura, Mimi, Goma; todos os personagens tiveram papeis importantes na história.
Grande parte da trama desse livro se dá em torno de uma “pedra de entrada”, que só acabando de finalizar a leitura entendi o que quer dizer. Com “abrir e fechar a pedra de entrada”, acredito que Murakami quis nos mostrar que devemos aceitar e conviver com nossas lembranças e maldições, mas não podemos fazer isso sozinhos, precisamos da ajuda de pessoas, pessoas que nem sempre serão quem já conhecemos, às vezes pode ser que sejam estranhas as que nos ajudarão com nossos problemas. Mas precisamos aceitar esse fato e pedir ajuda, sem vergonha ou preconceito.
“Todos nós perdemos coisas preciosas ao longo da vida (...) Oportunidades ou possibilidades importantes, emoções que nunca mais experimentaremos. Esse é um dos significados da vida” (Página 566)