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Channel: As meninas que leem livros
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{Resenha}Ninfeias negras

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Autor: Michel Bussi
Editora: Arqueiro
Sinopse: Um assassinato nos jardins de Monet Uma obra-prima desaparecida Só três mulheres sabem o que aconteceu... Giverny é uma cidadezinha mundialmente conhecida, que atrai multidões de turistas todos os anos. Afinal, Claude Monet, um dos maiores nomes do Impressionismo, a imortalizou em seus quadros, com seus jardins, a ponte japonesa e as ninfeias no laguinho.
É nesse cenário que um respeitado médico é encontrado morto, e os investigadores encarregados do crime se veem enredados numa trama em que nada é o que parece à primeira vista. Como numa tela impressionista, as pinceladas da narrativa se confundem para, enfim, darem forma a uma história envolvente de morte e mistério em que cada personagem é um enigma à parte – principalmente as protagonistas.
Três mulheres intensas, ligadas pelo mistério. Uma menina prodígio de 11 anos que sonha ser uma grande pintora. A professora da única escola local, que deseja uma paixão verdadeira e vida nova, mas está presa num casamento sem amor. E, no centro de tudo, uma senhora idosa que observa o mundo do alto de sua janela.
Em Giverny, uma pequena cidade marcada para sempre pela presença de Monet, um assassinato interrompe a calmaria com que todos estavam acostumados. A investigação desse crime, acompanhada de perto por uma velha senhora na janela de um moinho, encontra pistas que, no fim das contas, parecem não levar a lugar nenhum. Laurenç Serenac e Sylvio Benevides, investigadores da região, dão seu melhor para garantir justiça ao falecido; mas o destino já havia sido selado, não havia muito que eles pudessem fazer.

Enquanto isso, três mulheres distintas têm suas vidas narradas. A primeira é Patricia Morval, uma bela senhora interessada em artistas e em busca de um novo amor. A segunda é Fanette Morelle, uma garotinha de 8 anos incrivelmente talentosa na arte da pintura e que etá em busca de seu pai. A terceira e última, é a nossa velha - cujo nome eu não lembro de ter lido -, uma viúva (ou quase) de 80 anos (ou mais), dona de um quadro singular e de um lugar cativo na janela do moinho. Mas, mesmo tão distoantes, as três mulheres estavam conectadas e a velha sabia disso - só não havia contado às outras ainda. 

A narrativa alterna entre primeira e terceira pessoa. Às vezes dá voz a Fanette, às vezes dá voz a Patricia, mas, na maioria das vezes, é nossa velha do moinho Chennevieres que está de olhos em tudo e todos. A alternância permite ao leitor uma visão mais ampla e, ao mesmo tempo, detalhada de todo o cenário da investigação e dos acontecimentos ao redor. Embora nos dê essa vantagem, a narração peca na descrição excessiva - muitas paisagens, muitos quadros, muitas histórias sobre a arte. Isso acaba deixando a leitura lenta e maçante nas primeiras 100 páginas - ao tentar construir um cenário rico em detalhes, o autor erra na dose. Mas nada que não possa ser remediado por um bom enredo, não é?
"Observo. Ninguém pode me ver, ninguém desconfia de mim. E, mesmo que alguém descobrisse o que estou fazendo, que diferença faria? O que pode haver de mais natural do que uma velha fofoqueira, que presta atenção em cada detalhe, todas as manhãs, dia após dia, como um peixe de olhos esbugalhados que esquece tudo a cada giro dentro do aquário?Quem iria desconfiar de uma testemunha assim?"
Gostaria de poder dizer mais, contudo, receio roubar de vocês a aventura que é descobrir cada peça do quebra-cabeças que compõe esse livro. Após cada pecinha, inicialmente perdida e sem sentido, se encaixar, o final é - no mínimo - inesperado. 

É uma obra densa e bem trabalhada. Não consigo pensar em outras palavras para descrever a narrativa de Michel Bussi. Li outros romances policiais mas nenhum, nenhum mesmo, chegou ao nível de detalhe e capricho que este autor conseguiu - não é a toa que o dito cujo venceu cinco prêmios literários e teve os direitos vendidos para quatorze países. Esta é minha primeira obra do autor e pretendo conhecer melhor seus outros trabalhos, como O Voo da Libélula, primeiro volume do autor publicado pela Arqueiro.

A Editora Arqueiro, por sua vez, também merece os devidos aplausos. O livro chegou numa bela embalagem que faz jus a seu conteúdo. É admirável a maneira como a Editora trata suas obras: sempre com muito primor e dedicação. E não me deixem esquecer da capa! Todo mundo que me via com o livro tecia um comentário, haha. Impossível não se apaixonar!

Recomendo a qualquer um que já tenha tomado gosto por romances policiais ou que queira aventurar-se nesse mistério sem fim. As primeiras páginas podem até desanimar e levar alguns leitores à desistir da leitura, mas o que vem a seguir, eu tenho certeza de que vai lhe segurar até o fim. 

OBS: Terminei o livro e não descobri o nome da velha que conta a história. Vou ter que ler de novo só pra me certificar de que não "pulei" essa informação e matar a curiosidade, haha. Se alguém souber aí, por favor, me diga! 

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