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{Resenha} Simplesmente o Paraíso - Quarteto Smythe-Smith #1

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Título original: Just Like Heaven
Série: O Quarteto Smythe-Smith – livro 1
Editora: Arqueiro
Sinopse: Honoria Smythe-Smith é parte do famoso quarteto musical Smythe-Smith, embora não se engane e saiba que o dito quarteto carece sequer do menor sentido musical e tem esperanças postas que esta seja a última vez que se submeta a semelhante humilhação. Esta será sua temporada e com um pouco de sorte conseguirá um marido.
Durante um jantar, põe seus olhos em Gregory Bridgerton, um dos mais jovens da família Bridgerton. Sabe que não está apaixonada, mas ele parece uma opção mais que válida.
Marcus Holroyd é o melhor amigo do irmão de Honoria, Daniel, que vive exilado na Italia. Ele prometeu olhar por ela e leva suas responsabilidades muito seriamente. Odeia Londres e durante toda a temporada, permaneceu vigilante e intermediou quando acreditava que o pretendente não era o adequado.
Honoria e Marcus compartilham uma amizade, pouco atípica, fruto dos anos que se conhecem e que o torna parte da família.
Entretanto, um desafortunado acidente faz que ambos repensem sua relação e encontrem a maneira de confrontar o que surge entre eles, se tiverem coragem suficiente.

Primeiro livro do Quarteto Smythe-Smith, Simplesmente o Paraíso também foi minha primeira leitura da autora Julia Quinn. Estou adentrando nesse mundo dos romances de época e devo admitir, até agora me sinto bem afortunada, só livros que me foram bem agradáveis de ler!
“Tenho que encontrar um marido este ano.”
Acho que para nós, mulheres adultas do século 21, fica difícil imaginar o que é uma temporada social, o que significa para uma mulher de 1824 se sentir na obrigação de encontrar um marido. Hoje em dia, nos casamos se quisermos e não somos consideradas um fracasso como mulheres. Em 1824, era um fracasso uma mulher não se casar, seria uma solteirona... Morreria sozinha! Pobre moça, foi uma vergonha para sua família... Não cumpriu seu papel na sociedade.

Então... Existiam as temporadas sociais. Segundo a Wikipedia, temporadas sociais são os meses do ano que os ricaços da aristocracia saíam de suas residências no campo e permaneciam em casas – suas ou alugadas durante tais meses – para participarem das festas, apresentações de debutantes (aos 16 anos, as jovens eram apresentadas à corte inglesa, mas tal coisa foi abolida em 1958), jantares de caridade, caçadas, etc. Tais encontros e idas as capitais eram também um momento político – casamentos por aliança, por exemplo... Mas vai bem além disso.


Nesse cenário, em 1824 na cidade de Cambridge, na Inglaterra, temos a jovem Honoria Smyhe-Smith, uma jovem de 21 anos que está desesperada para conseguir um marido. Sua idade avança e seus pretendentes desaparecem misteriosamente... Mas, para além disso, existe o Quarteto Smythe-Smith. O grupo talentosíssimo formado pelas jovens solteiras da família que possuem alguma aptidão com a música. Ou não. Todo ano quatro jovens da família se unem antes da temporada social começar para ensaiar sua apresentação durante a tão desejada temporada para aquelas que fazem parte do Quarteto. Simplesmente porque para elas é uma tortura! E pobres daqueles que se dispõe a ouví-las! Desejariam sair surdos das apresentações, não há como arrumar um marido com promessa de boa música... Pois não há! É aqui que está toda a comicidade do livro: elas são péssimas, mas estão ligadas pela tradição.

E, no final, é isso que realmente importa nesse livro: o senso de ligação, de família que está incutida em Honoria e que contagia a todos ao seu redor. Sua família é unida e, desde a sua infância, que a jovem sabe que apesar da implicância, seu irmão irá protegê-la. 
“Gostava de Gregory Bridgerton. Era um cavalheiro extremamente simpático e sociável e, por algum motivo, fazia com que ela se lembrasse da própria família, o modo como costumavam ser, todos juntos em Whipple Hill, barulhentos, impetuosos, sempre rindo.”
Marcus foi uma criança solitária, em sua residência seu pai não era lá muito presente, estavam juntos algumas vezes por ano, apenas e toda sua referência familiar era o que sua governanta podia fazer por ele. Isso até o menino chegar na idade de ir para a escola... E mesmo lá, ficou sozinho, nunca soube fazer amigos. Mas conheceu Daniel, que o agregou a sua família e juntos eles cresceram: Daniel, Marcus e a pequena Honoria, carinhosamente chamada pelo irmão de carrapato. Achei essa parte muito bonita de se acompanhar, pois a cumplicidade existente entre eles é linda... A família em si é uma diversão!

Eram. Pois desde que Daniel partiu, sua casa não é mais a mesma. Sua mãe parece ter perdido a vida e não dá a devida atenção a Honoria, o que a deixa também solitária. Então algumas semanas com suas primas Sarah, Iris e Daisy lhe fariam um bem danado. Acabou por reencontrar Marcus na cidade, como acontecia em todas as temporadas sociais desde que o mesmo havia se tornado o Conde de Chatteris. 
“(...) Mesmo quando ainda era criança, Honoria parecia vê-lo mais profundamente que o resto da família. Isso não fazia sentido. Na maior parte do tempo, era a menina feliz e animada, mas então o encarava daquele jeito, com aqueles impressionantes olhos cor de lavanda, e Marcus se dava conta do que a família dela nunca se dera: de que Honoria compreendia as pessoas.
Ela o compreendia.”
Tendo sido escalado por seu melhor amigo a cuidar da irmã mais jovem, mesmo odiando os encontros sociais, Marcus obrigava-se a participar de todos para manter os olhos em Honoria. Só não sabia o transtorno enorme que tal coisa lhe causaria naquele ano... E o que tal coisa acabaria por representar no final. 

Os personagens são muito bem desenvolvidos. As primas de Honoria são muito divertidas em sua relutância em tocar no quarteto, pois sabem que são ruins... Apenas suas mães não percebem! Estão desesperadas para encontrar um marido antes do recital, assim podem abandonar a tarefa anual... Só as moças solteiras são obrigadas a seguir com a tradição. As quatro moças criam artimanhas N para conseguir enlaçar um marido, nossa protagonista então nem se fala... É uma arteira!

Gostei muito da personalidade de Honoria, que sempre tenta mediar conflitos pelo bem de todos, preocupa-se com todos ao seu redor. Quando seu melhor amigo precisa dela, não hesita em sair correndo para ajuda-lo. Esta é Honoria, a jovem que ama doces e preza aqueles que ama.

Marcus, embora seja ligeiramente distante, preza todos os laços que cria. É tímido e esconde isso numa carapaça silenciosa, passando pelos locais sem deixar sua marca. Despercebido ele pode fugir do contato social que tanto teme e o qual não sabe fazer nenhum uso. Esse sempre foi seu grande problema: não sabe seguir uma conversação com desconhecidos.
“Honoria apenas balançou a cabeça. Precisava de um livro. E talvez de outra soneca. E de um pedaço de bolo. Não necessariamente nessa ordem.”
A história narrada por Julia Quinn ´extremamente prazerosa de se acompanhar. É leve e divertida, prende o leitor do começo ao fim. Os personagens são extremamente carismáticos, não há nenhum que eu não tenha gostado. Grande parte da comicidade fica para a tia-avó de Marcus, que é uma peça a parte. Ri demais com a velhota da aristocracia! Ver as mudanças que ocorrem em alguns dos personagens também é uma experiência grandiosa, pois é o mínimo que se espera que aconteça. A história ser já previsível não atrapalha em nada a diversão. E ela acaba não sendo tãããão previsível assim em algumas questões.

A capa tem toque aveludado com o nome da autora em letras metálicas. A diagramação é bem simples, até um pouco demais. Acho que os começos de capítulo poderiam ter sido melhor trabalhados, pois os mesmos seguem diretamente abaixo do final do capítulo anterior e isso não me agrada muito, mas nada que diminua o prazer que tive com a leitura. As páginas são amareladas e a fonte média é bem confortável de se ler.

Gostei muito desse primeiro volume, a apresentação da família Smythe-Smith e todos seus problemas corriqueiros. Livro indicadíssimo e não vejo a hora de ler o segundo volume!

~Livro cedido em parceria com a Editora Arqueiro!~

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