Título Original: The girl who chased the moon
Autora: Sarah Addison Allen
Editora: Planeta
Sinopse: Como você pode achar seu caminho? Seguindo as nuvens ou a lua? Emily Benedict foi para Mullaby após a morte de sua mãe. Ao chegar à cidade e conhecer seu avô ela percebe que os mistérios do lugar nunca são resolvidos: eles são uma forma de vida. Existem quartos cujo papel de parede muda de acordo com o seu humor, luzes estranhas aparecem no quintal à noite e Julia Winterson, a vizinha, consegue cozinhar a esperança em forma de bolos. Emily percebe que sua mãe esteve envolvida no maior mistério da cidade, e conta com a ajuda de Julia para desvendá-lo. Em Mullaby nada é o que parece.
Esse livro para mim foi uma pequena surpresa. Li algumas coisas boas a respeito dele, que me animaram a lê-lo e, juntando com essa sinopse intrigante, finalmente me rendi à leitura.
Emily é uma jovem de 17 anos que viveu com uma mãe, Dulcie, ativista e dona de uma escola para meninas, onde o bom caráter era super valorizado e as atividades extracurrilares voluntárias eram vistas com bons olhos. Dulcie através dos olhos da jovem Emily parece ter sido uma pessoa incrível, daquelas com a qual você pode contar sempre que precisar.
Só que, ao chegar na cidade natal de sua mãe, pouco a pouco ela descobre que nem sempre Dulcie havia sido essa bondade de pessoa.
Primeiro, a mãe nunca lhe contou nada sobre seu passado, então a menina nem sabia sequer que tinha um avô. Ainda mais um avô gigante! Imagine, você chegar na casinha já parcialmente arruinada e, de dentro dela, sair um senhor de mais de 2m de altura! Seu nome é Vance Shelby, um dos incríveis habitante de Mullaby: a cidade dos pequenos mistérios!
“Nesse momento, a porta sanfonada foi aberta bruscamente, e Emily deu um pulo para trás. Um homem idoso, de cabelos grisalhos, surgiu, abaixando-se sob o arco para evitar bater a cabeça. Ele era incrivelmente alto e caminhava com um passo rígido, suas pernas eram como pernas de pau. Ele parecia mal construído – um arranha-céu feito de madeira macia em vez de concreto. Dava a impressão de que ele poderia rachar a qualquer momento.”
Eu fiquei encantada com o lugar, de certo modo, por conta das pessoas que ali residem. Na minha cabeça imaginei algo como Stars Hollow, de Gilmore Girls, huahuah! Vance é um senhor viúvo, que se perdeu após o falecimento da esposa. Como ele sempre se sentiu deslocado por conta de sua altura e, até mesmo seus pais, pelo que li, meio que o renegavam como filho por conta de sua anormalidade. Mas ele é um gigante gentil que tem em suas mãos uma neta desconhecida, que não sabe nada sobre o futuro que sua filha construiu depois de sair da cidade. Nem sequer sabia que tinha uma neta, então são dois estranhos em uma casa estranha. E sabe o que é mais estranho nela? No quarto de Emily, há algo bem misterioso, algo que ela não entende, mas seu avô parece saber.
Em seu primeiro contato com as pessoas da cidade, ela percebe que algo aconteceu ali no passado que deixou uma ferida aberta. E a única coisa que ela sabe é que envolvia a sua mãe.
O primeiro a lhe apontar isso é Win Coffey, um adolescente excêntrico da família mais tradicional da cidade, só não mais rica que a família Shelby. Win é uma incógnita para nossa protagonista desde o começo, uma vez que aparece e desaparece na mesma velocidade. Há uma atração instantânea entre os dois. Para além disso, Win é quem dá a entender que sua mãe fez algo muito ruim naquela cidade e que tem haver com a família Coffey.
Pouco a pouco, Emilly vai descobrindo mais sobre o passado de sua mãe, que se tornou um tabu no qual ela acaba sendo vítima. Seu avô não é de muitas palavras, então nossa protagonista se apega a vizinha Julia, antiga colega de escola de Dulcie.
“Julia não gostava da ideia do que a garota tinha pela frente. Isso a deixava tensa e ansiosa. Viver seu próprio passado já era bem difícil. Não se deveria viver o passado de outra pessoa.”
Julia é uma personagem maravilhosa. Sua história é tocante e garanto que muitas mulheres, pelo menos em alguns aspectos, se identificarão com ela. Seu estilo de vida é muito legal de se ver, também é bastante decidida quanto a seus objetivos. Ela reside com Stella, uma mulher de seu antigo colégio que também tem muita história para contar e é muito extremamente divertida.
Dona de uma mecha de cabelo cor de rosa, Julia se coloca à disposição de Emily para lhe apresentar a cidade. As duas se identificam uma com a outra, pois tem questões semelhantes... Como lidar com um passado que não faz jus à pessoa que são.
“(...) Nós podemos escolher aquilo que nos define.”
Achei a escrita da autora muito carinhosa. A realidade que ela criou, apesar de fantasiosa, não é focada nisso, mas sim nas relações existente entre os personagens. Em como a relação entre Vance e Emily se firmam, a relação de Julia e um antigo amor do passado. A família Coffey. É muito interessante analisar como a confiança e o amor cresce nesse livro. E como os segredos podem adoecer a relação familiar.
Sarah Addison Allen criou um livro doce e esperançoso, suave em sua escrita. Você se apaixona desde o primeiro momento, desde a primeira linha. A capa é linda (embora eu tenha medo de borboletas, haha!). A escrita do título está em relevo metálico. As folhas são amareladas e ásperas, de boa pegada. A fonte é de tamanho médio, não agride os olhos e a diagramação é muito interessante. Em cada início de capítulo, as linhas são tortas, livres como o voo das borboletas. Não achei muitos erros de digitação, acredito que foram um ou dois só que em nada incomodam na leitura.
Se você deseja uma leitura rápida e leve, para esquentar seu coração, esse é seu livro!
“Estou sempre com saudade de casa – ela disse sem olhar para ele. – Só não sei onde é minha casa. Há uma promessa de felicidade por aí, eu sei disso. Até a sinto às vezes. Mas é como perseguir a lua: bem na hora em que você acha que a tem, ela some no horizonte. Eu fico triste e tento seguir em frente, mas depois o maldito troço volta na noite seguinte, me dando esperanças de pegá-la novamente.