Autor: Bill Konigsberg
Editora: Arqueiro
Sinopse: Rafe saiu do armário aos 13 anos e nunca sofreu bullying. Mas está cansado de ser rotulado como o garoto gay, o porta-voz de uma causa.
Por isso ele decide entrar numa escola só para meninos em outro estado e manter sua orientação sexual em segredo: não com o objetivo de voltar para o armário e sim para nascer de novo, como uma folha em branco.
O plano funciona no início, e ele chega até a fazer parte do grupo dos atletas e do time de futebol. Mas as coisas se complicam quando ele percebe que está se apaixonando por um de seus novos amigos héteros.
“Tudo é mais fácil para os heterossexuais. [...] Não existe essa coisa de Hétero assumido”.
Confesso que fiquei confusa do começo do livro até a metade, mas então, pensando um pouquinho mais consegui entender e em parte concordo com as ações do personagem.
Rafe é um garoto cansado de rótulos. “Como assim rótulos?”. Bom, vamos parar e analisar nossa sociedade, há rótulos para religiões, sexualidade, cor, biótipos e outros mais. Quando vemos pessoas que achamos diferentes de nós em alguns aspectos, nossa tendência é rotular. Uma pessoa magra demais é “desnutrida, magrela, precisa de mais corpo”, com uma religião diferente “ah, não fale com eles, vão jogar sua religião em cima de você.”
No caso de “Apenas um Garoto”, temos a rotulagem de gays e LGBTQ+, por que olhar diferente e agir diferente com eles? Não seria necessário ver diferenças se, explicando com palavras fáceis, fossem considerados normais. Alguns em minha familia me olham diferente por não gostar do que consideram “normal”, o mesmo com as pessoas nas ruas quando passo de mãos dadas com quem namoro, além dos comentários.
A questão em si é: ninguém quer ser “tolerado”, muito menos “aceito”, seja qual for o rótulo colocado sobre as pessoas.
“ – Ah, uma palavra interessante. Tolerante. O que tolerante quer dizer?
- Significa que toleramos – Disse Steve, sem entonação – Aceitamos as pessoas.
- Na verdade tolerância e aceitação são duas coisas diferentes. Tolerar implica algo negativo a ser tolerado, não é? Mas aceitação, o que é? [...]
- Aceitação também tem algo negativo, não tem? – questionei por fim.
[...] – Bom, se você aceita alguma coisa, significa que ela não é como deveria ser, certo? Você aceita alguém como é.
- Não- Retrucou alguém lá no fundo. – Você é aceito na faculdade. Isso não quer dizer que você não é como deveria ser. Ridículo.
- Não é ridículo – Disse Scarborough – Preste atenção. É uma acepção ligeiramente diferente da palavra. E, ainda sim, as faculdades aceitam alunos que, do contrário, seriam rejeitados. Aceitação é uma afirmação de que você é bom o suficiente.”
Com esse diálogo podemos pensar em algo, nossa sociedade é tolerante, e quando não é, as pessoas estão por aí se matando.
Nessa história temos Rafe, que como mencionado quer escapar desse rótulo, quer ser apenas um garoto sem que todos olhem para ele como “o garoto gay”, quer ser tratado como um garoto comum independente de sua sexualidade. E então, muda de escola para começar uma nova vida, tentando seguir com o plano de “sem rótulo”, mas acaba percebendo que isso não tem que vir dele, e sim das pessoas que o cercam.
É um livro muito interessante, visto da perspectiva de Rafe, entendemos seus sentimentos e suas vontades, a escrita é equiparada com os acontecimentos, uma ótima história de temas atuais e para serem pensados.
“Éramos dançarinos, percussionistas, paradões e malabaristas, e não havia nada que alguém precisasse aceitar ou tolerar.”